O topónimo SANTAR perde-se nas memórias do tempo, sem, no entanto, podermos deixar de referir que o sítio é lugar de assento e fixação humana desde o neolítico até aos dias de hoje. Por aqui andaram nossos antepassados há cerca de 5.000 anos, como caçadores e recolectores. Por aqui se fixaram mais tarde os iberos, os celtas, os romanos e mouriscos, até à Reconquista potenciada por Afonso Henriques, que cristianizou o território e o integrou no reino de Portugal.
Durante séculos, a vila de Santar esteve inserida no território de Senhorim. Desde 1852 a freguesia passou a pertencer ao concelho de Nelas, distrito de Viseu. Localiza-se a meia encosta na vinhateira região do Dão, tendo como pano de fundo as serras da Estrela e Caramulo. Elevada, em 1928, à categoria de vila, Santar é uma das mais antigas localidades do país, distinguindo-se pelo magnífico conjunto de património edificado onde sobressai o granito como material de construção.
Ocupada desde tempos imemoriais, é a presença romana que mais vestígios arqueológicos deixa na região, nomeadamente nos arredores de Santar, Senhorim e Canas de Senhorim.
As inquirições de 1258 referiam a existência de uma via, provavelmente de origem romana, que ligava Senhorim a Vilar Seco e de uma outra, entre esta última localidade e Santar de que ainda há vestígios.
Como na maioria das vilas antigas, existe também uma lenda que a palavra Santar estaria ligada à passagem vitoriosa, nos primórdios da Idade Média, de um rei - segundo uns D. Afonso II - que aqui teria mandado o seu exército “assentar” arraiais para um merecido descanso depois de uma batalha. A lenda é curiosa, mas a origem do nome parece ser bem diversa estando, porventura associada à permanência dos visigodos na Península Ibérica já que, segundo alguns autores, deriva de um nome próprio de origem germânica Sentarius, referido em documentação desde o século X, sob a forma de Senteiro.
Em 1514, no âmbito da reforma dos forais levada a cabo por D. Manuel, Senhorim - a cujo concelho Santar pertencia – recebia um novo foral que vinha substituir o outorgado por D. Afonso III em 1253.
A partir do século XVI, a vila começou a desenvolver-se quando D. Luís da Cunha, senhor de Sabugosa, Óvoa e Barreiro, e proprietário do Casal Bom em Santar, recebe da coroa o paço medieval dos antigos donatários, onde se instala.
Posteriormente, em 1609 – já durante o período filipino - D. Pedro da Cunha, fidalgo da casa de Felipe II, reformulava o antigo paço medieval, construindo o imponente Paço dos Cunhas em consonância com o prestígio e poder económico que detinha na região. Será nesse contexto que Santar passa a ser conhecida como a sede das Cortes da Beira.